8 de outubro de 2011
Novidades & destaques editoriais no Pátio
MARQUESA DE ALORNA, Maria João Lopo de Carvalho
Marquesa de Alorna, Senhora do Mundo é uma história de amor à Liberdade e de amor a Portugal. A história de uma mulher apaixonada, rebelde, determinada e sonhadora que nunca desistiu de tentar ganhar asas em céus improváveis, como a estrela que, em pequena, via cruzar a noite.
Oficina do Livro, 19.90€
A JESUÍTA DE LISBOA, Titus Muller
Antero Moreira de Mendonça odeia os Jesuítas. Quando em 1755 um terramoto de proporções bíblicas arrasa a cidade de Lisboa e os Jesuítas pregam publicamente a fúria de Deus, o jovem entusiasta das ciências naturais vê chegada a oportunidade de se vingar da Companhia de Jesus.
Casa das Letras, 19.00€
A MENINA DA RÁDIO, Rute Silva Correia
Maria Eugénia foi actriz e cançonetista. Aos 16 anos, sem nunca ter representado nem cantado em público, protagonizou a primeira de seis longas-metragens que viriam a constituir a sua breve mas intensa vida artística. Dois desses filmes, A Menina da Rádio e O Leão da Estrela, estão entre os clássicos mais amados do cinema português.
Oficina do Livro, 23.90€
HUGO E EU E AS MANGAS DE MARTE, Richard Zimler
Um livro sobre um período muito delicado da história recente de Portugal, o da descolonização, e suas consequências, a partir dos olhos da infância, escrito por um autor de excelência e ilustrado com cor e emoção por Bernardo Carvalho.
Editorial Caminho, 12.00€
BIOGRAFIA DE LISBOA, Magda Pinheiro
A história de uma cidade tem gente, cheiros, comércio, cercos e pestes, revoluções e invasões, batalhas, conquistas e derrotas, casas e mosteiros, evolução urbanística, ruas, lendas, mistérios, momentos de lazer e desporto, cafés, festas urbanas e tradições, alegrias e sofrimento. Tal como num ser vivo, tudo isto cabe na vida, na história, na biografia de Lisboa.
Esfera dos Livros, 26.00€
MULHERES DE DITADORES, Diane Ducret
Diane Ducret relata em detalhe os momentos, as estratégias de sedução, os casos amorosos, as intervenções políticas e os destinos diversos, ocasionalmente trágicos, das mulheres que cruzaram o caminho ou passaram pelo leito de Lenine, Mussolini, Estaline, Hitler, Salazar, Mao, Ceausescu, Bokassa.
Casa das Letras, 19.90€
GUERREIRO VERDE, Filipe Garcia
Quando entrou na Greenpeace a vida de Manuel Pinto mudou. Começou por ajudar na manutenção dos barcos e chegou a responsável internacional pela coordenação da frota. Foi agredido e preso, protestou contra os ensaios nucleares em Muroroa, combateu os alimentos transgénicos em Lisboa e passou três anos entre índios e perigosos madeireiros na selva amazónica.
Livros d'Hoje, 12.95€
O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA, Desmond Morris
Este livro explora o mundo das crianças dos 2 aos 5 anos, quando começam a trilhar a longa estrada da independência. Nestes primeiros anos, a sua capacidade de aprendizagem e entusiasmo são ímpares, e este guia contém uma vasta informação sobre todos os aspectos do seu desenvolvimento, desde padrões de crescimento, comportamento social e emocional, às capacidades físicas e cognitivas.
Arte Plural Edições, 27.50€
MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA DO ADVOGADO, Diogo Leite Campos
Este livro aborda questões cruciais para quem seguiu a advocacia como carreira e vocação. Desde a maestria da técnica e do profundo conhecimento das leis à presença da ética em qualquer julgamento, o presente livro traz dicas essenciais para conduzir a sua carreira ao sucesso e tornar-se num advogado de excelência.
Matéria Prima, 14.00€
COMO OS POLÍTICOS ENRIQUECEM EM PORTUGAL, António Sérgio Azenha
Os ministros e secretários de Estado em Portugal ganham menos de 6.000€ mensais. Mas depois de saírem do Governo, muitos passam para empresas tuteladas pelo Estado onde os salários duplicam, triplicam, quadruplicam... Essa transferência milionária dos políticos para a esfera empresarial é legal. Mas será eticamente correcta?
Lua de Papel, 14.40€
A ARTE DO INCONFORMISMO, Chris Guillebeau
Para ganhar a vida, não é preciso deixar de viver. Este livro desafia as ideias preconcebidas que temos acerca do trabalho e da vida e oferece as ferramentas necessárias para construir uma experiência radical de satisfação pessoal e profissional, através de formas criativas de ser auto-sustentável, de forma a viver e trabalhar com espírito de aventura.
Pergaminho, 13.90€
CARTA A UM JOVEM POLÍTICO, Fernando Henrique Cardoso
Sobre este livro, subtitulado “Para construir um país melhor”, o antigo Presidente do Brasil diz:”Nestas cartas procurei dividir com o leitor, especialmente os mais jovens, experiências que vivi em meus vinte e sete anos de política, lições que aprendi dentro e fora do governo e conhecimentos que fui adquirindo ao longo da vida.”
D. Quixote, 18.00€.
4 de outubro de 2011
29 de agosto de 2011
3ª f 23 de Set, 18h - Conversas de Fim de Tarde com DANIEL SAMPAIO
“Da Família”, “Da Escola”, “Da família e da Escola” e “Compromisso” são os 4 capítulos do novo livro de Daniel Sampaio - "Da Família, Da Escola, e umas quantas coisas mais" - que serão o ponto de partida para estas “Conversas de Fim de Tarde” no Pátio de Letras.
Sáb. 10 Set, 18h: MIGUEL REAL apresenta o seu novo romancena Leya no Pátio
Lançamento de "A Guerra dos Mascates", ed. Dom Quixote, no prelo, o novo romance do filósofo e historiador Miguel Real, que evoca "O Amor romântico e ódio colectivo" num confronto entre aristocratas e pequenos comerciantes que mobilizou a totalidade da população das cidades de Recife e Olinda no século XVIII.
Miguel Real
é o pseudónimo literário de Luís Martins, ecritor, ensaísta, nascido em Lisboa, em 1953 e sintrense por adopção.
Licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Mestre em Estudos Portugueses, pela Universidade Aberta, com uma tese sobre Eduardo Lourenço.
Miguel Real é professor de filosofia no ensino secundário e colaborador permanente do Jornal de Letras, onde faz crítica literária.
Da sua obra fazem parte o ensaio, o romance, o teatro e a filosofia.
No ensaio destacou-se com «Narração, Maravilhoso, Trágico e Sagrado em "Memorial do Convento" de José Saramago» (1995), «Portugal - Ser e Representação» (1998, Prémio Revelação de Ensaio Literário da Associação Portuguesa de Escritores 1995), «Padre António Vieira e o Ano de 1666» (1999), «A Geração de 90 - Romance e Sociedade no Portugal Contemporâneo» (2001), «Eduardo Lourenço - Os Anos de Formação: 1945-1958» (2003), «O Marquês de Pombal e a Cultura Portuguesa» (2005), «O Último Eça» (2006) e «Agostinho da Silva e a Cultura Portuguesa» (2007).
Na ficção distinguiu-se com «A Visão de Túndalo por Eça de Queirós» (2000, Prémio Ler/Círculo de Leitores 1999), «As Memórias de Branca Dias» (2003), «A Voz da Terra» (2005, Prémio Fernando Namora da Sociedade Estoril Sol 2006), «O Último Negreiro» (2006) e «O Último Minuto na Vida de S.» (2007). Em 2008, ano do 400º aniversário do nascimento do Padre António Vieira, editou «O Sal da Terra», romance sobre o imortal escritor, eclesiástico e diplomata. Em 2009 publicou o romance "A Ministra".
No drama, e juntamente com Filomena Oliveira, escreveu, entre outras, as peças «Os Patriotas» (2001), «O Umbigo de Régio» (2003), «Liberdade, Liberdade» (2004) e «1755 - O Grande Terramoto» (2006) - todas levadas à cena em teatros de Lisboa ou arredores.
18 de julho de 2011
2ª f dia 18/7, às 22h: Miguel Martins - New Trioing JAZZ
Miguel Martins - guitarra eléctrica
e ...mais um convidado surpresa
org: opatio@bar; entrada: 3 €
João Melro - bateria
Luis Henrique - baixoe ...mais um convidado surpresa
org: opatio@bar; entrada: 3 €
3ª f 19/7, 22h: "Cordas à Conversa com..." João Cuña e Ricardo Fonseca
Duo multi-instrumentalista que explora as diferentes sonoridades dos diversos cordofones, das guitarras acústicas e da guitarra portuguesa e Portuguesa MIDI, estabelecendo um diálogo em palco nos diversos estilos musicais, com temas originais e de outros compositores. Música instrumental com a fusão de diversos estilos: Tradicional, Jazz, Fado, Bossa, Blues, Latin Jazz.
João Cuña: Guitarra Portuguesa, Guitarra Portuguesa MIDI, Guitarra acústica
João Cuña: Guitarra Portuguesa, Guitarra Portuguesa MIDI, Guitarra acústica
Autodidacta desde os 14 anos, tocou em diversos projectos musicais, sendo de destacar os Projectos "Las Guitarras Locas" e "Amar Guitarra" com dois CDs editados em 2002 e 2007.
Formador em Novas tecnologias aplicadas à Guitarra (workshops em 2007, 2008 e 2009); professor de Guitarra acústica, eléctrica e Guitarra Portuguesa.
Autor e gestor do site www.guitarraportuguesa.com (maior comunidade on-line dedicada à Guitarra Portuguesa, fundada em 2007);
Director artístico e criador do "Festival da Guitarra Portuguesa - Algarve 2010" e Presidente da "Associação Guitarra Portuguesa com Futuro"
Exerceu actividades como Consultor para a Direcção Regional da Cultura do Algarve e Instituto das Artes, na Área da Música.
Ricardo Fonseca: Viola Campaniça, Cavaquinho, Viola Amarantina, Viola Beiroa,
Bandolim, Guitarra clássica
Auto didacta de formação toca guitarra clássica e eléctrica desde os 13 anos tendo começado a dar espectáculos aos 17 anos de idade.
No início da década de 90 inicia vários projectos de carácter alternativo em Almada tais como Big flower mind, Last Hope ou Saint Nicholas Farm onde explora todo o tipo de sonoridades na guitarra eléctrica.
No ano 2000 inicia um trabalho de estudo e dedicação ao Bandolim, ao Cavaquinho e às violas portuguesas (Amarantina, Beiroa, Braguesa, Campaniça, Toeira e Viola da Terra), começando a acompanhar projectos tradicionais como os Deambulando, altura em que realiza uma workshop com o guitarrista Nuno Rebelo e outra com o contrabaixista José Eduardo e tem aulas com o guitarrista Filipe Mendes.
Em 2002 conhece o cantor Francisco Naia com quem toca guitarra clássica e viola campaniça desde então tendo realizado arranjos, e co-produzido o seu último álbum "DE SOL A SUL" em parceria com o Nuno Faria.
Actualmente continua a dar espectáculos de vários géneros musicais e a realizar trabalhos de divulgação dos Cordofones Portugueses. A nível de formação neste momento está a ter aulas com o Guitarrista e Compositor Fernando Lobo.
org: opatio@bar; entrada: 3 €
9 de julho de 2011
“Juventude com Futuro é com a Constituição do presente!”
A "Plataforma do 35º Aniversário da Constituição da República Portuguesa (CRP)" está a preparar uma Sessão no Pátio de Letras em Faro, para o dia 13 de Julho, pelas 21h30.
O título do Manifesto, que deu início à plataforma (ver abaixo), será o mote para um debate que contará com a participação de dois convidados « Mário Cunha - Jurista e Ana Sofia - Plataforma», mas que pretende contar com a participação do público presente.
Participa, vem conhecer melhor a tua Constituição.
A Direcção da ARCM
Manifesto
“Juventude com Futuro é com a Constituição do presente!”
Ao longo das últimas décadas a situação da juventude portuguesa vem-se degradando e tornando cada vez mais dificil a vida de cada jovem. Exemplos não faltam: são os obstáculos ao acesso e frequência da educação que se multiplicam; são o desemprego e a precariedade a aumentar em flecha; é o acesso à habitação (para arrendar ou comprar) que é quase uma miragem; é a cultura que cada vez mais é um privilégio de alguns; é o desporto que cada vez menos podem praticar; é o nosso país metido e comprometido com as guerras e ocupações que destroem milhares de vidas por todo o mundo; e, cada vez mais, são crescentes os atropelos às liberdades e garantias de expressão e de associação.
Muitas vezes se diz que esta é uma situação inevitável e que não há alternativa a este caminho – que não nos resta senão aceitá-lo. No entanto, nós, jovens portugueses, sabemos que não é assim; sabemos que os problemas que sentimos na pele todos os dias têm responsáveis e são resultado de políticas que preferem privilegiar os interesses de alguns em detrimento do interesse e dos direitos de todos.
De facto, as leis e as medidas que se vêm aprovando ao longo das últimas décadas são praticamente todas de ataque aos direitos da juventude e, muitas delas, são até contrárias ao que vem inscrito na Lei Fundamental do nosso país, a Constituição da República Portuguesa (CRP), em geral, e no artigo 70 que é particularmente dedicado à protecção dos direitos dos jovens – como diz o próprio “Os jovens gozam de protecção especial para efectivação dos seus direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente: a) No ensino, na formação profissional e na cultura; b) No acesso ao primeiro emprego, no trabalho e na segurança social; c) No acesso à habitação; d) Na educação física e no desporto; e) No aproveitamento dos tempos livres”. Ora se assim é, porque é que vão acabar com o desporto escolar? Porque é que há milhares de jovens a abandonar o Ensino Superior todos os anos? Porque é que acabaram com o incentivo ao arrendamento jovem e o crédito bonificado? Porque é que há mais de meio milhão de jovens em situação de trabalho precário?
Por isto, neste ano em que se comemoram os 35 anos da aprovação da CRP exigimos que esta se cumpra e efective para que os jovens e todos os portugueses possam ter uma vida melhor, de realização pessoal e colectiva. Acreditamos e defendemos que o 25 de Abril é um momento marcante da história do nosso país e que não pode ser apenas uma memória longínqua e, por isso, continuaremos a lutar porque se cumpra o que a Revolução dos Cravos nos trouxe e que está, em boa parte, ainda inscrito na CRP, certos e seguros que só isso pode garantir um rumo de progresso e desenvolvimento ao nosso país!
19 de junho de 2011
Leituras Perniciosas: Poesia e Óptica
A edição de Junho do ciclo de poesia e arte "Leituras Perniciosas", que acontece na última sexta-feira de cada mês na Livraria Pátio de Letras, conta com José Jesus e David Bastos, e decorre sob o tema "Poesia & Óptica: A Câmara naufragada de Arno Zado". A sessão acontece a 24 de Junho às 22h, e a entrada é livre.
Sobre o ciclo
As “Leituras Perniciosas”, consistem num serão de poesia e leituras, em que a poesia tem tido lugar de destaque, que pretende divulgar poetas e escritores da região, preferencialmente os menos conhecidos, quer pela sua juventude, quer por não terem obra publicada.
As sessões são normalmente acompanhadas de música, imagens ou outro tipo de performance artística. A organização é de Joaquim Morgado e Pátio de Letras.
10 de junho de 2011
Lançamento "Entre as Cidades e a Serra" seguido de debate
Na segunda-feira, 13 de Junho, às 18h00, vai ter lugar na Livraria Pátio de Letras o lançamento do livro "Entre as Cidades e a Serra: Mobilidades, Capital Social e Associativismo no Interior Algarvio".
A obra, com a chancela da editora Mundos Sociais, é organizada por Renato Miguel do Carmo, e será apresentada pelo Reitor da Universidade do Algarve (UAlg), João Guerreiro, e por Alberto Melo, docente da UAlg e co-fundador da Associação In-Loco.
De seguida haverá um debate sobre os temas analisados no livro, com moderação de José São José, docente do Departamento de Sociologia da UAlg.
31 de maio de 2011
23 de maio de 2011
texto do Dr. Valério Bexiga de apresentação do livro "Da minha Janela Afora pela Janela de Mim Adentro"
Aqui fica o texto com que, aproximadamente, o Dr. Valério Bexiga apresentou o livro de poesia "Da Minha Janela Afora Pela Janela de Mim Adentro" de Sérgio Matos.
Meus Amigos:
Aí pelo meio da primeira metade do século passado, tiveram participação num processo judicial os dois expoentes da medicina e da advocacia portuguesas: O Professor Egas Moniz e o dr. Ramada Curto, aquele como perito, este como mandatário de parte.
Na prestação de esclarecimentos sobre a perícia, o advogado introduziu uma pergunta de clarificação com a seguinte frase: “Esclareça-me cá, senhor Professor, que eu de medicina percebo pouco …”
A pontos tais o Egas Moniz, empertigado, rompeu com uma intermissão: “De medicina percebe pouco, alto lá?! O senhor de medicina não percebe nada! Quem percebe um pouco de medicina sou eu!”
Esta história dá o mote para introduzir uma outra, da Antiguidade, respeitante a Alexandre Magno e ao seu cavalo, Bucéfalo:
O Alexandre tinha mandado pintar um retrato do cavalo ao mais afamado pintor da sua época: Apeles.
Apresentada a obra, o General não se agradou dela. Seguiu-se uma controvérsia entre os dois e, como meio de tira-teimas, trouxe-se o modelo para comparar com o retrato.
À vista da pintura, o cavalo, ou por aprazimento de ver o dono, ou porque lhe cheirou a égua (que, a seu aprecio, valia mais que o dono) relinchou enfaticamente.
Este relinchado foi tomado, pelo Alexandre e pelo Apeles, como uma manifestação de agrado do cavalo pela visão do seu retrato, o que levou o pintor a observar: “Afinal, o teu cavalo percebe mais de pintura do que tu!”
Fui incumbido de comentar uma obra do poeta que me ladeia e trouxe à colação estas histórias para significar — a fim de não criar falsas expectativas — que eu percebo tanto de poesia como o Ramada Curto percebia de medicina e menos que o cavalo do Alexandre percebia de pintura.
Nesta congeminência, surge a pergunta: “Então, se assim te julgas, por que te afuturaste a falar sobre o que não percebes?
Todos temos momentos de fraqueza na vida e eu tive a noção da pertinência da questão. Acontece que a pessoa amoldada para o desempenho da tarefa, o meu colega e amigo dr. Fernando da Cruz Cabrita, poeta laureado cá dentro e lá fora, apresenta, a esta hora, um livro seu em Vila Real de Santo, razão por que está impedido de “tirar de mim este cálice”.
Fechada a introdução, vamos ao livro. E, no livro, para efeitos de arrumação metodológica, distingo a forma do fundo.
Quanto à forma, o primeiro elogio vai para a versatilidade da linguagem. Cada figurante utiliza o léxico próprio do seu estado, grei, ou profissão: o calão do toxidependente, o linguajar do montanheiro (homem do barrocal) a gíria do marracho (homem do mar), o paleio hiperbólico do bufarinheiro de feira (que dispensa o autor de versejar o político) conferem uma polivalência vocabular à obra que a perpassa de capa a capa.
Mesmo quando não tem de vestir a pele de alguém, o léxico é rico e variado, frequentemente, pouco correntio, e, vez a vez, rebuscado — o que se toma à conta da necessidade de rimar.
A rítmica é formalmente perfeita e o verso obedece aos cânones de métrica e acento.
Quanto ao fundo, há mais a dizer.
E a primeira coisa é que à frente da janela do poeta passa o pequeno e o grande, passa o rico e o pobre, passa o ébrio e o sóbrio. Isto é: passa a gente, a sub-gente e a sobre-gente. Passa o Mundo, passa a Vida.
Poderia dizer-se que é uma janela privilegiada, mas o privilégio não está na janela, está nos olhos que estão por detrás dela.
Olhos que não vêem só as formas, os arquétipos. Divisam, também, os fundos, sondam sentimentos, perscrutam almas.
Como num auto de Gil Vicente, as figuras entram em cena, representam o seu papel, e saem de palco, dando a deixa a outro “actor”. A representação pode ser cómica, ou trágica, mas os personagens são sempre autênticos, sempre verdadeiros, porque a verdade não quer disfarces.
Meus amigos:
Até à chamada terceira idade, o Homem pensa para a frente, procura o futuro; a partir dela, pensa para trás, exalta o passado, embevecido na fanfarronice dos seus êxitos pessoais ou na pretensa desdita da substituição dos antigos costumes e valores morais pelos de um Mundo que já não é o seu.
Perante este quadro, poderão avaliar com que emoção eu vejo passar, sob os meus olhos, o Cuco das Medalhas, o Chico das Martelacas, o Manuel Bigodes dos Sorvetes, o Coelho das Facas, o Pavão da Barbearia, figuras típicas de quando a cidade era, sociologicamente, uma aldeia (onde não havia desconhecidos) e que não foram substituídas, nem o serão, pelo cosmopolitismo que lhe adveio e, agora, a caracteriza.
Mas os figurantes não são, apenas, os individualizados: o poeta aproveita o pano de fundo da feira do Carmo para retratar, não já indivíduos, mas grupos conexionados por características de estado, sexo, idade ou profissão. E, destes, representam função histórico-pedagógica os das profissões, entretanto, extintas: aguadeiro, chapeleiro, canastreiro, leiteira, alfaiate, lavadeira …
Comecei com duas alegorias e termino com uma terceira:
Américo Tomás foi um Chefe de Estado português com patente de Almirante e cultura de Marujo (sem desprimor … para os marujos). O seu pendor (nas intermitências deixadas por caçadas de perdizes e mordomias) ia para festanças e foguetadas. No rescaldo de uma das inúmeras homenagens que lhe renderam, um jornalista pediu-lhe a expressão da sua sensibilidade relativamente à consagração que acabava de lhe ser feita, ao que o Presidente da Ditadura respondeu: “para caracterizar esta homenagem, só tenho um adjectivo — gostei!”
Para caracterizar o meu aprecio em relação ao livro que, ora, se lança, eu invoco o “adjectivo” do Américo Tomás.
Obrigado.
Meus Amigos:
Aí pelo meio da primeira metade do século passado, tiveram participação num processo judicial os dois expoentes da medicina e da advocacia portuguesas: O Professor Egas Moniz e o dr. Ramada Curto, aquele como perito, este como mandatário de parte.
Na prestação de esclarecimentos sobre a perícia, o advogado introduziu uma pergunta de clarificação com a seguinte frase: “Esclareça-me cá, senhor Professor, que eu de medicina percebo pouco …”
A pontos tais o Egas Moniz, empertigado, rompeu com uma intermissão: “De medicina percebe pouco, alto lá?! O senhor de medicina não percebe nada! Quem percebe um pouco de medicina sou eu!”
Esta história dá o mote para introduzir uma outra, da Antiguidade, respeitante a Alexandre Magno e ao seu cavalo, Bucéfalo:
O Alexandre tinha mandado pintar um retrato do cavalo ao mais afamado pintor da sua época: Apeles.
Apresentada a obra, o General não se agradou dela. Seguiu-se uma controvérsia entre os dois e, como meio de tira-teimas, trouxe-se o modelo para comparar com o retrato.
À vista da pintura, o cavalo, ou por aprazimento de ver o dono, ou porque lhe cheirou a égua (que, a seu aprecio, valia mais que o dono) relinchou enfaticamente.
Este relinchado foi tomado, pelo Alexandre e pelo Apeles, como uma manifestação de agrado do cavalo pela visão do seu retrato, o que levou o pintor a observar: “Afinal, o teu cavalo percebe mais de pintura do que tu!”
Fui incumbido de comentar uma obra do poeta que me ladeia e trouxe à colação estas histórias para significar — a fim de não criar falsas expectativas — que eu percebo tanto de poesia como o Ramada Curto percebia de medicina e menos que o cavalo do Alexandre percebia de pintura.
Nesta congeminência, surge a pergunta: “Então, se assim te julgas, por que te afuturaste a falar sobre o que não percebes?
Todos temos momentos de fraqueza na vida e eu tive a noção da pertinência da questão. Acontece que a pessoa amoldada para o desempenho da tarefa, o meu colega e amigo dr. Fernando da Cruz Cabrita, poeta laureado cá dentro e lá fora, apresenta, a esta hora, um livro seu em Vila Real de Santo, razão por que está impedido de “tirar de mim este cálice”.
Fechada a introdução, vamos ao livro. E, no livro, para efeitos de arrumação metodológica, distingo a forma do fundo.
Quanto à forma, o primeiro elogio vai para a versatilidade da linguagem. Cada figurante utiliza o léxico próprio do seu estado, grei, ou profissão: o calão do toxidependente, o linguajar do montanheiro (homem do barrocal) a gíria do marracho (homem do mar), o paleio hiperbólico do bufarinheiro de feira (que dispensa o autor de versejar o político) conferem uma polivalência vocabular à obra que a perpassa de capa a capa.
Mesmo quando não tem de vestir a pele de alguém, o léxico é rico e variado, frequentemente, pouco correntio, e, vez a vez, rebuscado — o que se toma à conta da necessidade de rimar.
A rítmica é formalmente perfeita e o verso obedece aos cânones de métrica e acento.
Quanto ao fundo, há mais a dizer.
E a primeira coisa é que à frente da janela do poeta passa o pequeno e o grande, passa o rico e o pobre, passa o ébrio e o sóbrio. Isto é: passa a gente, a sub-gente e a sobre-gente. Passa o Mundo, passa a Vida.
Poderia dizer-se que é uma janela privilegiada, mas o privilégio não está na janela, está nos olhos que estão por detrás dela.
Olhos que não vêem só as formas, os arquétipos. Divisam, também, os fundos, sondam sentimentos, perscrutam almas.
Como num auto de Gil Vicente, as figuras entram em cena, representam o seu papel, e saem de palco, dando a deixa a outro “actor”. A representação pode ser cómica, ou trágica, mas os personagens são sempre autênticos, sempre verdadeiros, porque a verdade não quer disfarces.
Meus amigos:
Até à chamada terceira idade, o Homem pensa para a frente, procura o futuro; a partir dela, pensa para trás, exalta o passado, embevecido na fanfarronice dos seus êxitos pessoais ou na pretensa desdita da substituição dos antigos costumes e valores morais pelos de um Mundo que já não é o seu.
Perante este quadro, poderão avaliar com que emoção eu vejo passar, sob os meus olhos, o Cuco das Medalhas, o Chico das Martelacas, o Manuel Bigodes dos Sorvetes, o Coelho das Facas, o Pavão da Barbearia, figuras típicas de quando a cidade era, sociologicamente, uma aldeia (onde não havia desconhecidos) e que não foram substituídas, nem o serão, pelo cosmopolitismo que lhe adveio e, agora, a caracteriza.
Mas os figurantes não são, apenas, os individualizados: o poeta aproveita o pano de fundo da feira do Carmo para retratar, não já indivíduos, mas grupos conexionados por características de estado, sexo, idade ou profissão. E, destes, representam função histórico-pedagógica os das profissões, entretanto, extintas: aguadeiro, chapeleiro, canastreiro, leiteira, alfaiate, lavadeira …
Comecei com duas alegorias e termino com uma terceira:
Américo Tomás foi um Chefe de Estado português com patente de Almirante e cultura de Marujo (sem desprimor … para os marujos). O seu pendor (nas intermitências deixadas por caçadas de perdizes e mordomias) ia para festanças e foguetadas. No rescaldo de uma das inúmeras homenagens que lhe renderam, um jornalista pediu-lhe a expressão da sua sensibilidade relativamente à consagração que acabava de lhe ser feita, ao que o Presidente da Ditadura respondeu: “para caracterizar esta homenagem, só tenho um adjectivo — gostei!”
Para caracterizar o meu aprecio em relação ao livro que, ora, se lança, eu invoco o “adjectivo” do Américo Tomás.
Obrigado.
12 de maio de 2011
10 de abril de 2011
GAR ALGARVE (promotores Manif de 12/3 "Geração à Rasca" - Algarve): Conf. Imprensa 12/4, 15h
Os promotores da manifestação “geração à rasca” de dia 12 de Março de 2011 realizada em Faro, convidam os meios de comunicação social a estarem presentes no dia 12 de Abril de 2011 na esplanada do Pátio de Letras”, em Faro, pelas 15h00, onde iremos realizar uma conferência de imprensa e onde serão apresentados projectos futuros deste movimento, bem como,esclarecimentos de quaisquer dúvidas existentes.
Aguardamos a vossa confirmação para o email gar.algarve@gmail.com para que possamos iniciar a conferência de imprensa quando todos os meios de comunicação social estiverem presentes.
3 de abril de 2011
2 de abril de 2011
Apresentação da exposição fotográfica de Suzanne Guerreiro, a 26 de Setembro de 2009.
“A fábrica”: da sua apropriação e referência identitária à reinvenção das memórias colectivas do lugar
por Vanessa Duarte de Sousa, Doutoranda em Cidades e Culturas Urbanas – Centro de Estudos Sociais/ Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia
Ao aceitar o desafio para comentar esta exposição, deparamo-nos com duas dificuldades. Por um lado, não dispomos de qualquer especialização na área das artes. Por outro, registamos iguais fragilidades ao nível do conhecimento específico técnico sobre fotografia.
Entendemos a proposta de discussão desta exposição olhando para as fotografias como dados, ou seja como material passível de tratamento para produção do conhecimento.
Olhámos para as fotografias apresentadas, a partir de duas dimensões sociológicas fundamentais: a dimensão territorial e a dimensão política.
Ao nível da dimensão territorial um primeiro olhar sobre as fotografias poderia levar-nos a dizer, de um modo descontextualizado que se tratam de imagens sobre espaços vazios – de gente e de funções. Lugar de passagem para uns, lugar de observação para outros, e ainda quiçá, lugar de refúgio para uns outros tantos.
Entre «amigos», diríamos que se tratam de «fotografias bonitas, que revelam a sensibilidade da fotógrafa ao dar enfoque a alguns ângulos do espaço em concreto, etc… sobre uma fábrica vazia… que fechou como tantas outras»… E sobre a fábrica fechada no meio da serra ainda acrescentaríamos: «Temos pena!!! É o caminho da competitividade, da mudança dos tempos, etc., etc.»
Estaríamos aqui perante um desvio de olhar, como Augé (1994) retrata, ou seja, aquele espaço desqualificado pelo olhar dos indivíduos. Hoje olhamos sempre para um espaço com uma classificação qualquer – espaço de lazer, espaço turístico, espaço de serviços, espaço residencial. Esta fábrica, situa-se no que o próprio autor denomina de «não-lugar», uma figura retórica utilizada para um espaço que não tem qualquer classificação específica e que serve apenas de passagem.
Um olhar mais aprofundado, centrado na análise da relação dos modos de vida com aquele território em que se enquadra esta fábrica, leva-nos a ver estas imagens de forma diferente.
Construímos um imaginário que medeia a relação entre o que foi e o que é hoje a fábrica. E se hoje pode ser esse espaço vazio, a leitura sobre a sua história permite-nos transformá-la em espaço de memórias.
Visualizamos gentes a laborar, mesmo que não saibamos em quê. Ouvimos conversas, mesmo que não percebamos do que se tratam. Sentimos movimento. Vemos hierarquias, funções diferenciadas entre os vários trabalhadores presentes. Percebemos estratégias de sobrevivência…
Obviamente que esta é uma leitura imaginária. É uma leitura centrada no que podemos pensar sobre aquilo que não vemos no imediato, mas que a fábrica transporta como lugar que um dia teve uma utilização específica, que permitiu ocupar pessoas, que apoiou decerto na manutenção e fixação das gentes naquele território.
Do primeiro contacto com a Suzanne, apercebemo-nos da dificuldade de reconstrução dessas memórias. As gentes que aquela fábrica uniu, dividiram-se, já não estão mais presentes, decerto algumas até já faleceram.
Construiu-se o vazio da própria memória. Esvazia-se o presente, pelo facto de apenas se contemplar o futuro. Mas com isto não queremos dizer que essa não seja passível de reabilitar.
É bastante provável que um trabalho de pesquisa mais aprofundado nos levasse a reconstruir a história daquele espaço, seja pela procura de ex-trabalhadores ou seus descendentes, como através da pesquisa de documentos. O início deste trabalho já foi desenvolvido pela própria Suzanne, como ela própria terá oportunidade de referir.
O contemplar do futuro remete-nos para a segunda dimensão que propusemos no início, ou seja, a dimensão política. A primeira questão que se coloca a alguém que se preocupa com o território é: e que futuro para aquela fábrica?
Equacionamos a reflexão desse futuro por relação à memória dos espaços. A este respeito, podemos ter pelo menos 3 opções:
- A reabilitação das memórias
- O depositório das memórias
- A ruptura com as memórias.
Em relação à reabilitação das memória podemos procurar um futuro partindo da proposta que fizemos sobre a pesquisa acerca das funções específicas daquele espaço, sobre a sua relação com as pessoas do território, etc.
A partir daí é possível redesenhar aquele espaço, mesmo que com outras funções, mas que permitam ligar o passado ao futuro. Que possibilite a preservação das memórias a par com uma vivência do espaço que o torne apropriável por diferentes grupos sociais, para cumprir diferentes objectivos.
Se ao nível da arquitectura e design do lugar esta opção não parece difícil de construir, a forma como se captam gentes para estes espaços já pode ser mais complexa.
Gostaríamos de dar dois exemplos, um em Portugal, outro em Itália. No primeiro caso a abordagem será centrada no conteúdo da intervenção, no segundo a reflexão será tomada por relação ao processo.
Vejamos o caso da Fábrica da Pólvora em Barcarena, Oeiras. Trata-se de um espaço que foi adquirido pela Câmara Municipal de Oeiras, que posteriormente o transformou em núcleo cultural. Hoje compõe-se do museu da pólvora, a par com espaço de restaurante e bar, espaço para realização de espectáculos ao ar livre, espaços de lazer e galeria de arte/ Centro de Experimentação Artística. Situada numa zona relativamente periférica aos principais núcleos habitacionais, de lazer e de serviços do concelho de Oeiras, a Fábrica transformou-se num espaço com vida, com gentes de diferentes idades e de diferentes espectros sociais.
Atentemos ao segundo caso, a ex- Fonderie (ex- Fundição) em Modena. Trata-se de uma cidade onde é implementado o orçamento participativo, ou seja, em que o orçamento municipal é discutido com os próprios cidadãos locais. Aproveitando o potencial da participação, resolveram tornar participado o projecto de reabilitação dessa antiga fábrica. Para tal foram seleccionados cidadãos do município, a partir de entrevistas. Esses fizerem parte de uma primeira reunião comunitária, com o objectivo de apresentar o processo. Seguiu-se a formação de facilitadores das reuniões futuras que iriam ser realizadas com o intuito de discutir o futuro da Fundição. Numa fase de exploração do terreno, estes participantes locais foram convidados a visitar a ex-Fundição, ao que se seguiu um Banco de Ideias – em que as pessoas deram sugestões para aquele espaço. A partir dessas ideias sistematizadas, passou-se à sua discussão com ateliers de arquitectura que pretendiam concorrer ao processo de requalificação.
Finalmente deu-se a votação e argumentação dos resultados do concurso. Apenas a título de curiosidade, refira-se que o argumento utilizado para sustentar a proposta ganhadora foi de que esta conseguiu retratar a identidade daquele espaço, integrando-o num design moderno e qualificando toda aquela zona da cidade em que se insere a antiga fábrica.
Estes são apenas dois exemplos das possibilidades que temos na reabilitação das memórias dos espaços.
Quanto ao futuro passar por uma «depositório» de memórias, uma das principais opções públicas sobre estes espaços que perderam a sua função original tem sido de os transformar em museus. Não desqualificando a importância dos museus, como forma que apoia igualmente na reabilitação das memórias, certo é que a maior parte se traduz num «depositório» dessas memórias.
São espaços que tendo conteúdo, não têm necessariamente vida. Em parte dos pequenos museus que se têm vindo a construir, de que o caso algarvio não constitui excepção, fazem-se, reabilitações de espaços anteriormente utilizados com uma função produtiva e/ou a sua emergência retrata geralmente a morte de modos de vida específicos daqueles territórios em que se inserem.
Ganha-se em reabilitação do espaço, mas perde-se, em grande parte dos casos, na sua apropriação. Tratam-se, muitas vezes, de espaços que não são animados, sem projectos educativos, sem quaisquer atractivos de lazer que possam captar as pessoas para uma maior utilização do espaço reabilitado.
Como nos diz Jordi Borja (2005), na gestão do equilíbrio entre a memória e o futuro pode ser tão mau votar ao abandono, como transformar em museu.
E, finalmente, passemos à mais arriscada e perigosa das opções – a ruptura com as memórias. O futuro mais provável para esta fábrica é que desapareçam completamente as memórias que podem existir sobre aquele espaço.
Tal deve-se ao facto de se tratar de um espaço privado, que apesar de poder contemplar em si mesmo um património cultural e histórico, o seu futuro depende dos seus proprietários.
Neste sentido, não significa que não se transforme num espaço vivo e apropriado pelos seus novos utilizadores. Mas tratar-se-á, tendencialmente, de uma apropriação selectiva – a dimensão do público esvanece-se.
Por outro lado, pode transformar-se num espaço desvinculado da sua historicidade. Pode construir-se um futuro sem qualquer relação com o passado – perdem-se as memórias, e perde-se a ligação daquele espaço ao território.
Face às diferentes opções possíveis, atentemos à proposta de testemunho de memórias da Suzanne.
Referências Bibliográficas:
Augé, Marc (1994) Não-Lugares. Introdução a uma Antropologia da Sobremodernidade, Lisboa, Edições 70.
Borja, Jordi (2005) La ciudad conquistada, Madrid, Alianza Eidtorial.
20 de março de 2011
O Pátio de Letras volta a Cacela - Dom. 27 Março (10h30 - 17h30)
Apesar de no poster feito pela organização (ADRIP e o CIIPC / CMVRSA ) não mencionar que os livros novos também vão estar no Mercadinho, posso comprovar que nos convidaram e aceitámos! Vamos com livros novos a preço de "usados" :)...
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17 de março de 2011
6ª f 20 Maio, 22h - ENTRE MARGENS -inauguração de exposição fotográfica
da autoria de Vasco Silva Lopes
arquitecto de formação, partilha a presente mostra 'entre margens' não como um projecto planeado e acabado, mas como uma deriva de visões insulares e ribeirinhas de Cabo Verde, Guiné Bissau e Moçambique, onde pretende fugir a modelos de turista ocasional ou visões etnográficas.
arquitecto de formação, partilha a presente mostra 'entre margens' não como um projecto planeado e acabado, mas como uma deriva de visões insulares e ribeirinhas de Cabo Verde, Guiné Bissau e Moçambique, onde pretende fugir a modelos de turista ocasional ou visões etnográficas.
A linha condutora é simplesmente o momento de imagens captadas 'entre margens' dessas realidades, ritmos e pausas.
16 de março de 2011
15 de março de 2011
13 de março de 2011
Sáb. 2 de Abril: CALIGRAFIA - inauguração EXPO e WORKSHOP
exposição: patente até final de Abril
custo do workshop: 30 € público em geral; 25 € alunos e funcionários da UALG
inscrições para o workshop: alacerda@ualg.pt
custo do workshop: 30 € público em geral; 25 € alunos e funcionários da UALG
inscrições para o workshop: alacerda@ualg.pt
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3 de março de 2011
A Actualidade do Pensamento de Tolstoi
Na palestra que teve lugar a 26/2/2011 no Espaco de Memória-Pátio de Letras, em evocação do centenário da morte do escritor L. TOLSTOI, foi distribuído aos presentes um folio com uma selecção de pensamentos do grande autor russo, elaborado por conferencista, Pedro Teixeira da Mota. Chamou-lhe PENSAMENTOS-SEMENTES DE TOLSTOI (1828-1910)
Da Anexação da Bosnia e da Herzegovina pela Áustria”, 1908.
“Estamos tão acostumados a pensar que alguns homens devem governar a vida dos outros, que as leis emanadas de alguns deles, mandando aos outros crer ou proceder de certo modo, não nos parecem estranhas. Se os homens podem publicar tais decretos e obedecer-lhes, é porque não reconhecem nas pessoas aquilo que é a verdadeira essência de todo o ser humano – a divindade da sua alma, sempre livre e incapaz de se submeter a qualquer coisa que não seja a sua própria lei, isto é, à consciência e à lei de Deus...”
“O patriotismo, para todo o membro de um grande estado e para mim, um russo, não somente envolve a ausência de simpatia para com milhares e milhões de homens, polacos, finios, judeus e das várias tribos caucásicas, mas também resulta em que eu seja o objecto do ódio dos homens, aos quais não fiz mal algum e com os quais nenhum relacionamento tenho. Para as pequenas raças ou nações escravizadas é ainda pior: pelo lado espiritual é a causa justificadora do ódio a um povo que lhes é estranho, e pelo lado material produz toda uma série de opressões, perdas e sofrimentos; e este sentimento obsoleto, grosseiro, e moral e materialmente pernicioso, é advogado e insinuado por todos os meios, da parte daqueles a quem aproveita, e é ingenuamente aceite como virtude e bênção por aqueles aos quais é manifestamente nocivo”.
“Os povos devem ter consciência da sua dignidade humana, igual para todos, incompatível com o domínio de alguns sobre a vida dos outros, ou com a sujeição desses outros a qualquer. Esta consciência é unicamente possível para os homens que conhecem o seu destino na vida e seguem na conduta a direcção que deriva daquele conhecimento. E só conhecem o seu destino na vida e seguem na conduta a direcção que daí deriva, aqueles que tem religião.
“Hoje ainda vivo; amanhã, provavelmente, já não existirei, mas terei partido, para sempre, para o lugar donde vim. Enquanto vivo, se estiver em relações de amor com os homens, será isso para mim a alegria, a paz e o bem. Por conseguinte, enquanto vivo, desejo amar e ser amado. Mas, de repente, os homens aproximam-se de mim, e dizem: «Vem connosco para prender, e executar e massacrar e combater! Será para teu interesse, e se não para teu, para o interesse do Estado” - “Que significa isso? Que é o Estado? Que dizeis?” será a a resposta de todo o homem que raciocina e não perdeu os sentidos. «Deixai-me em paz e não digais coisas tão estúpidas e horríveis.”
Para o homem adormecido, a autoridade do governo representa certas instituições santas, órgãos do corpo político vivo, e apresenta-se como condição indispensável da vida humana.
Mas, para um ser humano que acordou para a compreensão religiosa ou espiritual da vida, o que se chama a autoridade do governo consiste meramente na atribuição, que a si mesmo fazem certos homens, de uma importância imaginária, que carece de qualquer justificação racional, mantendo a sua vontade por meio de violência.
Para o homem acordado, esta gente desvairada e, em regra, venal, que coage os outros, é como salteadores de estrada que prendem os viajantes e os violentam. A iniquidade desta violência, as suas dimensões e organização, não pode alterar-lhe o carácter essencial.
Para o homem que despertou, aquilo que se chama o governo não existe, e não há por conseguinte justificação alguma da violência cometida em nome do Estado, e não pode ter parte nisso. A violência dos governos será abolida, não por meios externos mas unicamente pela consciência dos homens que acordaram para a verdade.”
“A relação com a fé era tal que a maioria dos seres humanos, não reconhecendo em si qualquer autoridade espiritual independente guiadora, cegamente se submetia à direcção de uma minoria escolhida, jtanto na compreensão da vida como na direcção das suas acções, enquanto a minoria, atribuindo-se qualidades sobrenaturais, considerou-se com o direito a guiar conjuntamente a vida espiritual e a corpórea da maioria.
A consciência de que a velha lei está antiquada, gasta e que levou-nos à maior miséria e anormalidade de vida, e de que a nova lei de liberdade e amor revelada há dois mil anos exige aplicação e realização, tornou-se agora tão íntima dos seres humanos, não só no nosso mundo cristão mas em todo mundo, que um despertar da escravidão e da perversão, nos quais a si mesmo se vê mantido há tantos séculos, pode, julgo eu, surgir num momento.
Porque na verdade, este acontecimento iminente, imensamente importante como é, depende não de quaisquer acções externas, que podem encontrar obstáculos invencíveis, mas inteiramente da consciência dos homens – que é sempre livre e nunca pode ser estorvada. De nenhumas façanhas ou acções difíceis em conflito com os inimigos mais fortes carece agora o povo do mundo inteiro para a sua emancipação, mas de uma só coisa, a coisa mais natural e normal ao homem – nem mesmo um acto, mas meramente uma abstenção – não fazer coisas contrárias à nossa convicção. E nem a convicção nem a abstenção de acções contrárias à convicção de cada um podem ser impedidas.”
“O homem pode libertar-se imediatamente de toda a posição difícil, se apenas se lembrar de que Deus vive dentro dele.
Deixai apenas que os homens concebam clara e firmemente o que eles são: deixai-os conceber o que foi ensinado por todos os sábios do mundo e o que foi ensinado por Cristo: que em cada homem, - como em todos, - habita o espírito livre eterno, todo poderoso de um filho de Deus; que o homem não pode governar nem estar sujeito, e que a manifestação desse espírito é amor.
Deixai que os homens concebam isto (e já estão preparados para o reconhecer) e deixai só que eles procedam em harmonia – ou antes, deixai que eles somente não procedam em contrário da sua consciencia, e imediatamente, da maneira mais simples e pacífica, todas as dificuldades se dissiparão, não só na Bósnia e Herzevogina mas em todo mundo cristão; não só na cristandade mas em toda a humanidade. Deixai que os homens que alcançaram o que lhes foi revelado, somente procedam em conformidade; e terminarão todos os horrores de que sofrem agora.
Deus deseja que sejamos felizes, e por conseguinte introduziu em nós a necessidade de felicidade. Mas desejou que fossemos felizes todos juntos, e não separados. A infelicidade dos homens vem do facto deles se esforçarem, não pela felicidade comum, mas pela felicidade individual. A mais alta felicidade para o homem é ser amado; este desejo está pois implantado nos homens; e, para ser amado, um ser humano, evidentemente, deve amar.
Diz-se que os homens só podem proceder para o seu proveito, e não podem sacrificar o seu proveito ao dos outros. Isto seria verdadeiro se, quando sacrificam o proveito do corpo, os homens não recebessem um proveito incomparavelmente maior. Pelo amor, um ser humano, procedendo pelo bem estar dos outros, obtém para si o maior bem estar...
O patriotismo, na sua significação mais simples e chã, e mais indubitável, não é nada para um governo se não o meio com o qual satisfaz as suas ambições e fins de cobiça; e, para o governado, é a renúncia à dignidade humana, à razão e à consciência, e uma submissão servil aos que estão no poder. Neste sentido é pregado em toda a parte onde totalmente se prega. O patriotismo é escravidão.
“O mal não pode ser suprimido pela força física do governo. O progresso moral da humanidade não é provocado só pelo reconhecimento individual da verdade mas também através do estabelecimento da opinião pública...
“Os seres humanos só podem submeter-se àquela lei suprema do Amor que dá o maior bem estar a cada indíviduo e a toda a humanidade. Só o reconhecimento, da parte dos seres humanos, do supremo princípio espiritual que neles está, e o reconhecimento consequente da sua verdadeira dignidade humana, pode libertar e libertará da servidão de uns aos outros. Esta consciência vive já no género humano, e está pronta a manifestar-se em todo o momento...
“Conversas com Teneromo:
“O maior pecado ou erro de hoje é o amor abstracto dos homens, o amor impessoal para aqueles que estão em qualquer parte, ao longe...
Amar as pessoas que não conhecemos, que nunca reencontraremos, é tão fácil! Não temos necessidade de sacrificar o que quer que seja. E ao mesmo tempo, está-se contente consigo próprio! Mas a consciência está limitada ou esmagada. - Não. É preciso amar o próximo, aquele com quem vivemos, ou o que nos incomoda...”
“Fim de um Mundo”, 1905
“Nestes últimos tempos, a deformação do cristianismo deu lugar a uma nova mentira, que mais mergulhou os povos na sua servidão. Com a ajuda de um sistema complexo de eleições parlamentares, foi-lhes sugerido que, ao elegerem os seus representantes directamente, eles participam no governo, e que, obedecendo-lhes, obedecem à sua própria vontade, pelo que são livres. Tal é uma mentira. O povo não pode exprimir a sua vontade, mesmo com o sufrágio universal: primeiro, porque uma tal vontade colectiva de uma nação de muitos milhões de habitantes não pode existir; segundo, porque mesmo que ela existisse, a maioria das vozes não seria a sua expressão. E não insisto no facto que os políticos eleitos legislam e administram, não para o bem general, mas para se manterem no poder, - e mesmo sem considerarmos o facto da depravação do povo devido à pressão e à corrupção eleitoral, - esta mentira é particularmente funesta, por causa da escravidão presunçosa onde tombam os que se submetem...
Estes homens livres lembram os prisioneiros que se imaginam desfrutar da liberdade, ao terem o direito de eleger dos seus carcereiros os encarregados da polícia interior da prisão...
Na “Guerra e Revolução”, critica a ciência moderna e «os seus fúteis problemas: origem das espécies, análise espectral, natureza do rádio, teoria dos números, fosséis de animais e outras maluquices, às quais se atribui a mesma importância que se atribuía, na Idade Média, à Imaculada Concepção ou à dupla natureza substancial Divina.»
“Estes servidores da ciência, tal como os que servem a Igreja, persuadem-se e persuadem os outros que salvam a humanidade, e, do mesmo modo que a Igreja, acreditam na sua infalibilidade, nunca estão de acordo entre eles, dividem-se em capelas, e , tal como a Igreja, são a causa principal da grosseria, da ignorância moral, do atraso nos homens em libertarem-se dos males que sofrem, já que eles rejeitaram a única coisa que podia unir a humanidade: - a consciência religiosa...»
Da ”Carta ao mahatma Gandhi,” dois meses antes de deixar à terra:
Quanto mais vivo- e sobretudo presentemente, quando sinto com clareza a aproximação da morte – mais forte é a necessidade de me expressar acerca do que me toca mais vivamente no coração, sobre o que me parece de uma importância inaudita: ou seja, que aquilo a que se chama Não-resistência não é no fim de contas se não o ensinamento da Lei do Amor, não deformado ainda por interpretaçõe mentirosas. O Amor, ou, noutras palavras, a aspiração das almas à comunhão humana e à solidariedade, representa a lei superior e única da vida...
E isto, cada um o sabe e sente nas profundezas do seu coração (vemo-lo mais claramente nas crianças). Ele sabe-o enquanto ele não estiver entortilhado na massa de mentira do pensamento do mundo.
Esta lei foi promulgada por todos os sábios da humanidade: indús, chineses, hebreus, gregos e romanos. Ela foi, creio, expressa mais claramente pelo Cristo, que disse em termos simples que esta Lei contém toda a lei e os profetas. “
Selecção de Pedro Teixeira da Mota, 26 de Fev. de 2011
2 de março de 2011
24 de fevereiro de 2011
18 de fevereiro de 2011
12 de fevereiro de 2011
8 de fevereiro de 2011
4 de fevereiro de 2011
19 de janeiro de 2011
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